CÃES DE LOUÇA

Ao som da nova música decidi escrever sobre os cães de loiça em homenagem ao sentido de estado mas também aos muitos que partilham com ele o sentido de paixão por estes animais...e olhem que não são poucos!
Eu arriscaria mesmo a dizer que não há família portuguesa que se preze que não tenha em casa uma bola de futebol (nem que seja das plásticas que são oferta dos pacotes de batatas-fritas), uma nossa senhora de Fátima (que trouxe quando foi ao santuário de excursão) e um cão de louça (este geralmente à entrada da sua morada). É daquelas coisas que não se explicam mas que estão de tal forma enraizadas no nosso jeito de ser que não há pesticida que as mate.
São os cães de louça e aquelas andorinhas (por sinal também em louça) que vemos fixas nas paredes das vivendas e nas varandas dos apartamentos seja qual for a estação.
Daquelas que se vendem às pargas em todas as feiras, sobretudo as que se realizam por altura dos santos populares e que são dedicadas aos emigrantes.
Todos temos a lembrança de cães de louça, daqueles recentemente imortalizados pelo famoso e talentoso artista Marco Horácio no seu erudito CD "Grandes Êxitos". Ora observem pelo seu poema em que diz "(...) eu gosto daqueles cães grandes de loiça, que têm um sarapintado, tão a ver quais são? Adoro...então na minha casa vai ficar a morrer! Eu se pudesse punha uma manada de cães lá à porta de casa(...)" se a paixão pelos bichos de porcelana não é de cegar quem os ama!
E ponha de parte que ter cães de louça é coisa de pirosos, nada disso! Procure lá bem na prateleira da arrecadação, no cesto de prendas de natal para devolução ou junto aos bens herdados da tia-avó...vai ver que se surpreende. Também contam os cães com o menino de jardineira-calção e chapéu meio gasto da brincadeira (estilo Tom Sawyer) ao lado.